quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Meu Corpo é Real: Projeto de Moda Inclusiva

Comprar roupas é a coisa mais fácil do mundo: você entra numa loja, escolhe ou prova a peça desejada e leva pra casa. Isso para uma pessoa totalmente dentro dos padrões do mercado. Para quem está de fora, a coisa é bem mais complicada e, por vezes, frustrante. Para dar visibilidade às pessoas com deficiência, o projeto Meu Corpo É Real reivindica por uma moda mais inclusiva, que enxergue este público como consumidor e crie soluções para deixar sua vida mais prática. 

A ideia partiu da estilista e cadeirante Michele Simões, que após sofrer um acidente de carro criou novas perspectivas sobre o corpo e suas relações com a moda. Assim, a facilidade em encontrar roupas para um corpo alto e magro foram trocadas pela dificuldade em vestir ou até mesmo encontrar representatividade para um corpo que é praticamente invisível a sociedade.

De fato, quem não possui deficiências físicas talvez nunca tenha sequer parado para pensar nestas questões. Pensando nas dificuldades e principalmente na falta de informação que a indústria tem em relação aos corpos que estão fora dos padrões hegemônicos, o projeto tomou forma e ganhou fôlego com a produção de um mini-documentário. Através dos bastidores de um ensaio conceitual (permitindo uma visão menos clichê sobre a deficiência), traz à tona as necessidades que as pessoas com deficiência encontram dentro do setor, fugindo dos estigmas de sempre. 

“Essa ideia de que deficiente não consome vem quase sempre acompanhada de associações que limitam esse público a papéis de superação, reivindicação ou de consumidores de produtos ortopédicos e hospitalares, o que é totalmente equivocado.”
Michele Simões

Letícia, 19 anos estudante de Relações Públicas -Fragilidade Óssea

A primeira tarefa então, talvez, seja enxerga-los antes de mais nada como pessoas e não como vítimas. Assim como quem está dentro dos “padrões”, eles se alimentam, estudam, trabalham, namoram e consomem. Não é porque uma pessoa é cadeirante que vai perder o gosto por moda, por exemplo.

Me lembro perfeitamente da felicidade que senti no dia em que, após muitas tentativas, consegui me vestir sozinha. Parece estranho algo tão comum a maioria, fazer tanta diferença na vida de algumas pessoas. O acesso físico das lojas, o preparo por parte dos atendentes em perceber esses corpos como clientes, o desenvolvimento de peças mais funcionais que levem em conta a identidade desses consumidores, bem como suas necessidades e a representatividade dos mesmos pela própria publicidade, já seriam um bom começo”, contou.

Entre os problemas encontrados no comércio, um deficiente visual, por exemplo, não tem acesso ao o que está exposto na vitrine. Isso aliado à falta de preparo dos vendedores faz com que o mesmo quase sempre dependa de terceiros na escolha de seu produto, impossibilitando questões muito importantes como a autonomia e a própria identificação com o produto no momento da compra.
tecnologia também pode ser uma porta para alcançar algumas melhorias, por meio do desenvolvimento de aplicativos que informem a localização de cada segmento dentro de uma loja de departamentos, ou o uso etiquetas com QR code com audiodescrição das peça poderia facilitar a vida dessas pessoas até no dia a dia ao escolher suas roupas em casa. No final das contas, cego mesmo é o mercado, que não consegue enxergar ainda o potencial social e até mesmo capital destes consumidores.

Bárbara Barros, 20 anos, estudante de Jornalismo – Baixa Visão Congenita

Ravelly Santana, 20 anos, estudante de jornalismo – Amputação
Bruno Favoretto, 33 anos Jornalista – Lesão Medular

Sendo assim o principal objetivo do projeto é fomentar a moda, criando uma ponte entre o consumidor e a indústria através de informações menos superficiais, permitindo ao público uma participação mais ativa, via depoimentos de histórias reais no Instagram, envio de vídeos para o canal e contato no Facebook. Confira abaixo o mini-documentário do Meu Corpo É Real:





Baseado no Hypeness.

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